Morangos sem Açúcar: (13) As bases físicas e mentais do Sucesso, parte I: Exercer Poder

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Olá e bem-vindos ao meu podcast e blog “Morangos sem Açúcar”, uma série sobre desenvolvimento pessoal, corpo, mente e bem-estar – pessoal e do planeta em que vivemos. O meu nome é Karlos K e gostaria imenso de ouvir a SUA opinião, comentários e experiências pessoais, através do email karlosk.books@gmail.com, no Instagram ou Facebook @karlosk.escritor ou no site www.karlosk.com/contacto.  

Aprendi desde cedo o velho adagio de que Sucesso é 99% suor e 1% inspiração (ou sorte). Mas a minha carreira profissional mostra que esse princípio moral está… errado. Há muito mais para além do esforço, trabalho e competências para atingir o sucesso pessoal e profissional. Vamos então explorar as bases físicas e mentais do sucesso pessoal e profissional, dividido em 3 episódios: Exercer Poder, Projetar Poder e Poder Interior:

  1. o primeiro episódio sobre Crescimento Pessoal e como converter competências em ação, ou seja, como Exercer Poder (sobre o mundo);
  2. o segundo episódio sobre Presença e como afirmar o poder sem o exercer, através da voz, expressões e postura corporal, e com isso ganhar influência, ou seja, como Projetar Poder (para as outras pessoas);
  3. o terceiro episódio        sobre Auto-afirmação, Auto-conhecimento e Auto-proteção, travando lutas com significado pessoal, preservando o nosso espaço pessoal e os nossos valores (descanso, diversão, saúde, família, amigos), evitando burn-out e ansiedade, ou seja, proteger um verdadeiro Poder Interior (para mim próprio)

Recursos:

Limitless, Jim Kwik

10% Happier, Dan Harris

Presence, Amy Cuddy

Ted Talks “Fake it until you become it”: https://www.ted.com/talks/amy_cuddy_your_body_language_may_shape_who_you_are?language=pt

O primeiro episódio desta trilogia sobre Sucesso centra-se nos princípios de Crescimento Pessoal, ou seja, adquirir conhecimentos e competências. Contudo, acumular conhecimentos não chega para atingir sucesso. É preciso usar esses conhecimentos e competências para agir sobre o mundo, as organizações, os grupos. Na conversão de conhecimentos e competências em ação, estamos a Exercer Poder.

Conhecimento e Ação não existem separadamente. Simplesmente focar na Ação sem ter uma base prévia de conhecimentos e competência é inútil, ou pelo menos ineficiente, exigindo muito mais esforço para conseguir os mesmos resultados. Há muita gente nas organizações que se lança desenfreadamente num frenesim de hiperatividade, disparando emails, telefonemas, planos a 5 anos que mudam a cada 5 dias. O que chamo as “baratas tontas”. Estas pessoas são úteis, porque têm um sentido muito agudo de ação e estão sempre em busca de aprovação, mas como não param para pensar, precisam de ser muito bem enquadradas e orientadas.

Há um momento para reunir informação e adquirir conhecimento (seja técnico seja de conhecimento da realidade). Nesta fase é preferível ouvir, de forma envolvida e presente. Depois há um momento de fazer um plano, reconhecendo que não temos poder absoluto sobre o mundo, a concorrência, o mercado, as pessoas e por isso o plano não é imutável nem sagrado – mas a grande utilidade do plano é permitir ganhar sensibilidade às variáveis chave, perceber o que influencia o resultado, quais a grandes variáveis a que temos que prestar atenção. E por fim, é preciso converter esse conhecimento e plano em Ação.

Muitas vezes confunde-se conhecimento e experiência com anos de serviço. É verdade que quem já viu muitas coisas tem uma perceção intuitiva do que pode correr mal. O cérebro desenvolve modelos mentais que sintetizam as várias experiências passadas, o que pode ser uma mais valia. Mas essa experiência só conta se a pessoa foi capaz de evoluir, de aprender ao longo desse caminho – ou seja, ter uma atitude mental de crescimento pessoal. Ter 20 anos de experiência acumulada por vezes significa apenas 1 ano de experiência repetida 20 vezes…

As Competências e Conhecimento – duro, sistematizado, científico – é muitas vezes minimizado em favor dos “soft skills”. Isso é porque tendemos a ver as competências “duras” como fáceis de obter – basta trabalhar, estudar os livros, produzir os relatórios técnicos. Pois… a questão, como sabemos, é que “basta trabalhar” não é fácil nem comum. Não aparece por magia. Todos sabemos mais ou menos como se faz, com mais ou menos esforço, mas isso não significa que magicamente adquirimos essas competências – e, a meu ver, é por aqui que temos que começar. Não precisam de ser competências académicas no sentido clássico do termo. Estudar direito ou economia faz de nós um entre milhões… mas saber caligrafia japonesa, ou programação quântica ou modelação climática faz de nós únicos.

Este é o poder real, o teu domínio, a tua competência única que não podes admitir que seja questionado. É o que te coloca no jogo, a razão por que alguém te quer na equipa. Não é o que dá sucesso, mas o que permite jogar, como uma pré-qualificação – só ganhas se fores convocado para jogar. Mais do que trabalho, é trabalho relevante, preparação para aquilo que queremos ser. É uma combinação de conhecimento teórico, técnico e experiência prática, um treino para perceber quais as dificuldades e como as superar.

O grande erro é que a maior parte das pessoas acredita que nasceu com um set definido e imutável de capacidades e competências naturais. O Cristiano Ronaldo joga bem futebol, o Bill Gates um nerd informático e o Warren Buffet um investidor visionário. Mas esta abordagem é imensamente redutora, por duas razões:

  1. Treinar reforça as competências, físicas ou mentais. Sempre que fazemos um esforço de compreensão de algo complexo ou de memorização de informações ou de discussão de ideias abstratas, estamos a exercitar os nossos músculos mentais. O cérebro é um musculo, como os bíceps ou os abdominais. Ao contrário da ideia corrente, não temos um número limitado de neurónios e sinapses, mas podemos criar e desenvolver o cérebro com exercício e boas práticas de saúde. Independentemente da predisposição genética, todas as competências expandem com treino e aprendizagem.  
  2. Se não experimentarmos desafios novos e nos esforçarmos em novos domínios, nunca poderemos descobrir em que é que somos mesmo bons. Todos temos competências únicas, simplesmente muitos nunca tiveram a coragem ou a oportunidade de as descobrir

Estas competências podem ser genéricas e de aplicação generalizada, ou muito especificas – e isso é ok. É o que nos faz vibrar, o nerd que há em nós. Por vezes essas competências únicas que nos definem são irrelevantes para o trabalho quotidiano. Isso significa que eventualmente escolheu mal a profissão. Por vezes é mesmo preciso ter a coragem de saltar fora e começar de novo – há muitos casos de sucesso de pessoas que conseguiram reinventar-se a meio da vida. Mas também é verdade que normalmente só são publicitados os casos de sucesso, quando por cada sucesso há muitos outros fracassos. E nunca se sabe quanto ou onde aquilo que sabemos profundamente, a nossa nerdiness, vai ser relevante para o dia a dia. A questão é estar presente e empenhada, trazendo o melhor de si para cada desafio.

É muito fácil perder o foco nesta atitude de crescimento pessoal e ação via competências e conhecimento. Num mundo com uma corrente imparável de informações, exigências sobre o nosso tempo, distrações superficiais e estímulos imediatos, é muito tentador dividir-nos até à exaustão, multi-tasking e substituir a efetiva reflexão ou conhecimento por simplesmente colar as opiniões dos outros. Quando as opiniões são infinitas no Tweeter ou à distância de uma pesquisa no Google, a tentação é substituir as nossas opiniões pela colagem de opiniões dos outros. E com isso, deixamos de exercitar o nosso músculo mais preciso: o nosso cérebro.

O cérebro humano tem 100 biliões de neurónios. Cada neurónio está conectado a 10 mil outros neurónios. A força e número destas ligações depende do uso que lhes damos, do exercício mental. O cérebro gera 70 mil pensamentos por dia – agora, que pensamentos vamos treinar o nosso cérebro a ter? Pensar no que nos apetecia estar a fazer em vez disto? Remoer obsessivamente em pensamentos negativos? Ou treinar os nossos bíceps mentais para ter ideias geniais, criativas, interessantes, que podem influenciar as pessoas e o mundo à nossa volta?

O livro de Jim Kwik, “Limitless”, apresenta um modelo interessante de crescimento pessoal, entendido como dualidade conhecimento/ação: desenvolvimento de novos Conhecimentos e Competências e correspondente tradução em Ação. Vou pedir emprestado este modelo “Limitless” de crescimento pessoal, para explicar o primeiro pilar do Sucesso, ou seja, Exercer Poder.

Este modelo de crescimento pessoal assenta em atitude mental, motivação e método.

O primeiro suporte para Exercer Poder é a Atitude Mental. Reflete os nossos valores, atitudes e pressupostos sobre o que podemos e não podemos fazer. É, provavelmente, o maior obstáculo que colocamos a nós próprios, e pode ser um grande libertador se acreditarmos na capacidade de mudar e influenciar o nosso futuro. Os pais ou grandes treinadores ajudam a descobrir e perceber as nossas forças e fraquezas, apoiam a superar os erros e aplaudem nos sucessos – nós temos que ser os nossos próprios treinadores. Quando ouvir aquelas vozes interiores a entrar numa espiral de dúvida ou ansiedade, pense o que faria um grande treinador e torne essa voz interior o seu próprio personal trainer.

Uma Atitude Mental pode ser simplesmente uma questão de perspetivas. Se estamos nervosos antes de uma grande apresentação, ou um jogador de basket antes de um jogo decisivo ou um artista antes de entrar em palco, é porque nos importamos com o que vamos fazer. É porque isso importa para nós. Portante, em vez de ver essa falta de ar ou borboletas no estômago como stress, vamos vê-los como um sinal de entusiasmo. Não estou stressado e nervoso antes de uma apresentação, estou entusiasmado e “em pulgas” para dar o melhor. Essa simples alteração de perspetiva pode fazer maravilhas para a suto-confiança.

Não adianta tentar convencer-nos racionalmente a ter a “atitude mental certa”, a ser mais confiantes ou otimistas. Aquelas tretas auto motivacionais de olhar para espelho de manha e dizer “vais ganhar”, são falsas e apenas criam uma falsa sensação de poder que se desfaz à primeira dificuldade. Mas podemos treinas a atitude mental, visualizando internamente a sensação de sucesso, confiança, calma e poder. Tirar a confusão do pensamento racional, das ideias pré-feitas do que achamos q devemos ou queremos ser/fazer, para deixar brilhar a força natural q temos. Isso exige grande auto-conhecimento, ou como veremos no terceiro episódio desta série sobre Sucesso, auto-afirmação: precisamos de conhecer profundamente os nossos valores profundos, o que nos faz vibrar, para podermos dedicar-nos a objetivos e propósitos com sentido – se o fizermos, a atitude mental certa aparecerá naturalmente.

A atitude mental de crescimento pessoal leva-nos para áreas que valorizamos, que nos tocam intimamente – que não são necessariamente o que os outros acham que deveríamos fazer ou a imagem que projetamos de nós próprios. Esse processo de auto-conhecimento e auto-afirmação dá trabalho, mas quanto mais abertos estivermos ao que nos faz vibrar, maior probabilidade temos de sucesso.

O segundo segredo é Motivação, que inclui 3 componentes:

  1. Propósito, ou seja, porque é importante para si.  O propósito permite superar o desconforte imediato em nome de um valor superior. Este propósito de longo prazo pode incluir vários Objetivos intermédios. Esses objetivos são cruciais para orientar o percurso… afinal, o vento nunca sopra de feição para quem não sabe para onde quer ir. Não vale a pena saltar continuamente entre objetivos, tem que haver alguma resiliência, mas também não vale a pena ficar preso a causas perdidas: o Propósito é maior do que os Objetivos que definimos, e podemos chegar ao Propósito por diferentes caminhos, pelo que por vezes pode ser preciso rever os Objetivos.
  2. Energia, ou seja, capacidade de dedicar esforço para fazer aquilo que quer. Para isto é preciso tratar bem o nosso corpo e mente, dar o descanso necessário e gerir a energia despendida em cada tarefa. Não precisamos de atacar cada email ou telefonema com 100% da nossa força, é importante guardar energia para o que faz a diferença. Isto também significa guardar tempo para descansar, dormir bem, gerir o stress, alimentação saudável e exercício físico
  3. Passos pequenos e digeríveis até ao objetivo final. Não adianta lançar-se a escalar o Everest, as dificuldades depressa irão sobrepor-se à motivação e acabará por desistir. Saber gerir as etapas e crescer um passo de cada vez, num processo continuo e evolutivo, exige muito auto-conhecimento e auto-confinça. Curiosamente, isto é um circulo virtuoso que se auto-alimenta, à medida que vai conquistando pequenas metas, ganha confiança para metas mais ambiciosas.

O terceiro aspeto de desenvolvimento de competências e transformar competências em Ação é o Processo, ou melhor, adquirir métodos de aprendizagem. Desenvolver modelos para aprender que funcionam e nos ajudam a desenvolver competências. Ao longo da vida, vamos percebendo o que funciona melhor. Sentar a ler e tomar notas, ou falar com um especialista ou praticar e corrigir – das coisas mais importantes é adquirir métodos de aprendizagem e crescimento. Não há uma pastilha para a genialidade, mas há um processo, método e esforço.

Em síntese, temos um modelo de crescimento pessoal assente em atitude mental, motivação (propósito, energia e objetivos digeríveis) e método.

Num mundo assoberbado de informação digital e opiniões, em que o mercado de trabalho evolui de tal forma que a profissões aparentemente seguras vão desaparecer, só há uma coisa a fazer: tomar controlo da nossa aprendizagem e estar aberto a novas experiências e fontes de conhecimento.

Crescimento Pessoal não é ser perfeito, mas sim progredir para além daquilo que hoje somos capazes. A nossa aventura de desenvolvimento pessoal, de adquirir competências e conhecimentos e ter a coragem de as converter em Ação, constitui a base de qualquer forma de Poder e sucesso – seja pessoal ou profissional, como gestor, cientista, artista ou ativista social. Isso requer Propósito, Motivação e Método. Como refere Jim Kwik no livro “Limitless”, “se um ovo for partido do exterior, a vida acaba; se for partido do interior, a vida começa. As coisas grandiosas começam sempre de dentro”.

Este crescimento pessoal é o primeiro pilar da minha visão sobre sucesso: crescer para adquirir conhecimentos e competências e a coragem de as converter em ação sobre o mundo. Isto é Exercer Poder e o primeiro passo para o Sucesso. Os outros dois veremos nos próximos episódios: Presença (projetar poder) e Autoconsciência (poder interior).

Podem-me enviar sugestões de pessoas para entrevistar para karlosk.books@gmail.com ou no site www.karlosk.com/contacto

Este blog e podcast é uma experiência pessoal de descoberta. Quem quiser, é bem-vindo a juntar-se. Não esqueça de subscrever o blog e o podcast e recomendar a amigas e amigos. Podem ver mais informação sobre mim e as minhas publicações no site www.karlosk.com, subscrever o blog e ver o link para o podcast nas várias plataformas.

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