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Olá e bem-vindos ao meu podcast e blog “Morangos sem Açúcar”, uma série sobre desenvolvimento pessoal, corpo, mente e bem-estar – pessoal e do planeta em que vivemos. O meu nome é Karlos K e gostaria imenso de ouvir a SUA opinião, comentários e experiências pessoais, através do email karlosk.books@gmail.com, no Instagram ou Facebook @karlosk.escritor ou no site www.karlosk.com/contacto.
Cada dia é uma batalha para proteger a nossa saúde, mente e bem-estar para resistir à sedução de más opções com que somos bombardeados e que estão a destruir o nosso corpo e cérebro. Alimentos carregados de açúcares, hidratos, pesticidas, corantes embalados em plástico que destroem o nosso corpo e o planeta. Noticiários cheios de violência e desastres para captar a nossa atenção que semeiam a ansiedade. Trabalhos esgotantes e stressantes que raptam as nossas emoções. Gadgets eletrónicos e social media que nos roubam de relações pessoais fortes e reais.
A chave para resistir a estas tentações e viver a vida que quer está na saúde do seu cérebro e no foco para tomar boas decisões.
Temos falado muito de corpo e mente, com temas sobre alimentação, sono, gestão da ansiedade e Mindfulness. Mas, no centro de tudo isso, está na verdade algo muito físico e material, que governa todas as decisões nas nossas vidas: o cérebro.
Estudos recentes no Reino Unido indicam que o tempo médio de atenção é de 8 segundos. Um peixe de aquário tem um tempo médio de atenção de 9 segundos. A nossa capacidade de foco e atenção, essencial para processar informação, refletir e tomar decisões, está reduzida ao tempo de atenção de um peixe de aquário!! Isto é, verdadeiramente, retro-evolução, ou seja, evolução ao contrário. Na verdade, o que nos torna humanos e distingue de outras espécies são os 30% de massa cerebral ocupado pelo córtex pre-frontal. Os gorilas têm pouco mais de 10%, os cães 4% e os gatos 2% do cérebro ocupado pelo córtex pre-frontal, a área desenvolvida de pensamento racional.
Esta massa enrugada e viscosa de gordura cheia de ligações neuronais é protegida como um precioso diamante pelo crânio, mas por qualquer razão absurda hoje optamos por destruir conscientemente a nossa capacidade de tomar boas decisões: alimentação pobre, excesso de peso, álcool, drogas, stress permanente e falta de sono tornam o cérebro mais pequeno. Tão simples quanto isso. E cria-se um ciclo vicioso: cérebro menor e com menor capacidade aumenta as más decisões, aumentando o efeito composto sobre a saúde do cérebro.
O Dr. Daniel Amen publicou um livro intitulado The Brain Warrior’s Way. A sua clínica tem das maiores coleções de scans cerebrais do mundo e está a usar essa base de dados para definir os comportamentos e correlações que afetam a saúde e funcionalidade do cérebro.
Quais os fatores que estão a afetar o nosso cérebro e o que podemos fazer para proteger a nossa inteligência, criatividade e capacidade de tomar decisões?
Sono: A relação é avassaladora. Pessoas que em média dormem menos de 6 horas por noite apresentam uma atividade cerebral menor, equivalente a perder 10 pontos de QI. Fumar um charro de marijuana equivale a perder 5 pontos de QI, o que significa que dormir mal é equivalente a andar pelo dia permanentemente pedrado com 2 charros de marijuana.
Alimentação: Há uma relação linear entre excesso de peso e cérebro menor. Sem qualquer dúvida. Alimentação com excesso de gorduras saturadas, açúcares e hidratos, pobre em fibras, gorduras “boas” e vitaminas, reduz a inteligência e criatividade. O cérebro é, aliás, o órgão que mais energia consome. Em estado basal, ou seja, sem esforço criativo ou de raciocínio lógico intenso, o cérebro consome cerca de 350 calorias por dia, o equivalente a meia hora de corrida. O cérebro representa 2% do peso do corpo, mas consome 20% do oxigénio e da energia.
Portanto, a epidemia de obesidade que ataca o mundo ocidental está a ser tratada pelo Pentágono como um problema de segurança nacional: 70% dos candidatos às forças armadas têm que ser rejeitados por questões de saúde, um rácio estratosférico. Além disso, estudos de longo prazo mostram uma relação entre o tipo de alimentação e propensão para doenças do sistema nervoso, como Alzheimer e Parkinson.
Como é que isto funciona? As mitocôndrias nas nossas células são responsáveis por converter a energia dos alimentos em energia, ATP, que alimenta o funcionamento dos músculos e do cérebro. Normalmente, o processo de deixar acumular reservas de gordura é feito por via da insulina, que retira o excesso de glicose no sangue e a armazena como gordura. Mas há uma via alternativa de criação de reservas calóricas, que discutimos no episódio 21: o “interruptor” despoletado por frutose e açúcares, que altera o mecanismo de produção de energia, colocando o corpo em estado de alerta para o “inverno” e passando a libertar menos energia e aumentar reservas de gordura. O tipo de vida atual ativa permanentemente este “fat switch” (ver episódio 21), levando a menos energia disponível, cansaço e obesidade. A questão é que este mecanismo tem também impacto no cérebro. Este mecanismo alternativo de gestão da energia é ativado por um processo de stress oxidativo, que origina toxinas e inflamação nas células do corpo e do cérebro.
Falamos já no episódio 8 de quais os alimentos que promovem saúde mental: peixes ricos em ómega 3 como salmão e sardinhas, fibras alimentares e fitonutrientes de legumes e frutas coloridas, nozes, chocolate negro, frutos vermelhos e suplementos como vitamina D e Ginkgo Biloba.
Drogas e álcool: O terceiro elemento que afeta a saúde do cérebro é, obviamente, o álcool. Mesmo beber 2 copos por dia tem impacto estatisticamente significativo no tamanho do cérebro. Tabaco e drogas têm, naturalmente, um efeito ainda superior.
Desportos violentos de impacto, com choques na cabeça, como râguebi, futebol americano ou futebol, tem também efeitos visíveis. Os scans cerebrais feitos a jogadores de râguebi e futebol americano mostra impacto violento na atividade cerebral. Pelo contrário, desportos de coordenação motora, como dança, yoga, natação e sobretudo desportos de raquete como ténis ou ténis de mesa mostram o efeito mais positivo sobre a saúde cerebral.
Ganhar consciência do impacto das nossas escolhas diárias na saúde do cérebro pode mudar radicalmente a nossa vida. Não se trata apenas de perder uns quilos ou dormir melhor – embora isso sejam efeitos laterais de melhor saúde cerebral. O que está em causa é uma batalha pela atenção, inteligência e criatividade da sociedade humana. E, a nível individual, uma vida melhor, com mais energia, foco, estabilidade e boas decisões.
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