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Olá e bem-vindos ao meu podcast e blog “Morangos sem Açúcar”, uma série sobre desenvolvimento pessoal, corpo, mente e bem-estar – pessoal e do planeta em que vivemos. O meu nome é Karlos K e gostaria imenso de ouvir a SUA opinião, comentários e experiências pessoais, através do email karlosk.books@gmail.com, no Instagram ou Facebook @karlosk.escritor ou no site www.karlosk.com/contacto.
Chegados quase a final de março, muitos de nós constatam mais uma vez, com um misto de resignação e fúria, que as resoluções de Ano Novo caíram por terra. Isto deve-se a duas coisas: mudar é difícil e força de vontade apenas não funciona.
Tentar quebrar hábitos apenas por força de vontade está, normalmente, condenado ao fracasso. Sobretudo num mundo com tantas tentações e pressões como o nosso. Então, como podemos criar condições favoráveis a uma mudança efetiva?
Mudança é difícil, sobretudo de hábitos enraizados há muitos anos. Mesmo quando temos consciência que esses hábitos são maus – fumar, excesso de açúcar, falta de exercício, etc. Quando a mente criou ligações neuronais que associam determinado comportamento a um certo estado de espírito ou emoção, a mente vai acabar por querer manter esses hábitos. Quando a mente se habituou a associar um estado de convívio ou cansaço ou ansiedade a um certo comportamento, vai fazer tudo por tudo para manter esse padrão. A mente é um enorme produtor de padrões, quadros mentais que simplificam o mundo – só assim consegue ser um hiper supercomputador mas ultra eficiente em termos energéticos, consumindo o equivalente a uma lâmpada de 60 watts. Só que essa ultra eficiência faz-se à custa de definir padrões e fazer descer esses processos para o subconsciente. Já lhe aconteceu conduzir de casa para o trabalho em auto-piloto e nem se aperceber do caminho? Isso é precisamente o reflexo de hábitos enraizados que descem para o subconsciente e deixam de ocupar espaço ou energia na mente consciente. Já imaginaram se a mente tivesse que em cada momento se ocupar com todos os complexos processos do dia a dia? Caminhar, falar, comer são processos que no início da vida requereram muita atenção de aprendizagem quando bebés, mas depois se automatizaram e desceram para o subconsciente.
Acontece que os hábitos que descem para o subconsciente são muitíssimo difíceis de mudar. Mesmo que o prazer desse comportamento seja passageiro e sabemos que gera mais remorsos do que prazer, a mente consciente não tem poder para agir sobre a mente subconsciente.
Ora, um comportamento habitual que mantemos apesar de reconhecer as suas consequências negativas é a definição de um vício. Uma droga. Podemos estar viciados em hábitos negativos, contra a nossa vontade racional? Ver Netflix em série, compras compulsivas, comer doces ou gordura, não exercitar, ver obsessivamente redes sociais, ansiedade, preocupação, stress… podem ser um vício como fumar ou drogas…? Sim, todos esses hábitos podem ser formas de vício, e é como tal que temos que lidar com eles.
Praticas que, em determinado contexto, nos fazem sentir bem e libertam neurotransmissores de “felicidade” como dopamina criam ligações entre certos estados de espírito ou contextos e essas práticas – e a nossa mente aprende a repetir essas práticas obsessivamente, m esmo quando já não nos fazem bem. O corpo e mente humana desenvolveram-se em contexto de restrição, e não sabe gerir o contexto de abundância em que vivemos atualmente. Durante os milhares de anos da existência da humanidade, aprendemos a repetir aquilo que nos ajuda a sobreviver. Mas o que é novo é que atualmente podemos repetir esses comportamentos até ao excesso, literalmente atafulhando o nosso corpo e mente de sensações e alimentos em excesso.
Portanto, quando nos sentimos “em baixo” ou simplesmente a precisar de um boost, o nosso subconsciente “sabe” como provocar uma libertação momentânea de dopamina: o gelado, o chocolate, as compras, binge watch televisão… mesmo quando a parte “racional” mais moderna do nosso cérebro quer controlar o processo, dificilmente consegue – a parte “primitiva” tomou o controlo das nossas emoções e dificilmente conseguimos parar as emoções com a força de vontade racional.
Como conseguimos quebrar este ciclo de vicio? Bom, força de vontade racional só por si dificilmente funciona. A força de vontade está associada as secções racionais do cérebro, as partes mais modernas (o córtex pre-frontal), mas os vícios estão enraizados nas partes mais primitivas que gerem as emoções (amígdala e hipotálamo).
Para aceder a esse subconsciente onde os vícios e hábitos estão enraizados, temos que ganhar consciência deles, lentamente fazê-los subir à consciência. Isso exige um processo lento mas constante de auto-conhecimento, para ganhar consciência e auto-controlo, enraizando na mente os novos hábitos saudáveis.
De cada vez que ganhamos consciência de uma tentação, que conseguimos resistir e depois sentimos satisfação dessa vitória, estamos a mudar os circuitos mentais dos hábitos. Portanto, mudar hábitos tem 3 passos: notar o comportamento (ganhar consciencia), analisar porque o fazemos numa atitude de auto-conhecimento, e depois substituir esse hábito por outro maior.
O Mindfulness pode ajudar nesse caminho de auto-consciência. Primeiro, reconhecendo o loop de hábitos repetitivos. Segundo, ter coragem para abraçar a auto-reflexão necessária para perceber porque seguimos aqueles hábitos e se é mesmo isso que queremos – se for, ótimo, podemos viver com os nossos vícios com carinho e gentileza; mas se não, podemos ganhar consciência e saber afastar gentilmente esses pensamentos e desejos quando aparecem, reconhecendo-os como apenas isso, pensamentos. Por fim, o Mindfulness pode dar a paz de espirito e serenidade para tomar decisões conscientes em vez de simplesmente nos deixarmos ser arrastados pelo “comboio” dos nossos pensamentos e emoções.
Forçar raramente funciona. As conversas motivacionais de treta do tipo “eu consigo” raramente funcionam. Tentar uma meditação SOS quando estamos prestes a repetir o vicio ou no meio de uma insónia não funciona. Mas ganhar progressiva consciência do que pensamos e confiança em técnicas de Mindfulness para desenvolver uma relação saudável e desprendida com esses pensamentos permite ver quando surgem e deixá-los passar. O Mindfulness pode ser um aliado, com disciplina e repetição diária – como ir ao ginásio. De cada vez que consegue ver os pensamentos e deixá-los ir é como uma flexão dos músculos mentais. Uma mente feliz e serena é tão sexy como um abdómen six pack.
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